sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

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Intervenção na Rua Formosa, no Porto, junto do Mercado do Bolhão.

Reutilizou-se uma caixa de sinalização do Metro do Porto destruída por, possivelmente, algum acidente automóvel. Os restos “mortais” da caixa foram deixados durante vários dias na rua, permanecendo fixos ao chão, sendo que as chapas e tubagens de alumínio que a compunham, desenhavam um gesto de vida abrindo-se em direcção ao céu. Gesto esse que contrastava com o estado moribundo em que foi deixada a estrutura.

Como forma de elogiar esse gesto surgido por acidente, assim como tantas outras coisas que surgem a expressar algum género de beleza naturalmente por vontade do caos e da arbitrariedade, pensou-se em dar nova vida à caixa de sinalização. No entanto, não a vida “funcional” de um cinzento mobiliário urbano a que sempre esteve destinada, mas sim uma nova vida, que pudesse fazer justiça às novas linhas que lhe tinham sido destinadas, elevando-a a um nível acima de um simples mobiliário urbano, destinando-lhe a missão de colocar agora sorridentes interrogações nas mentes de quem por ela passava.

Foi então decidido limpar todos os dejectos publicitários que a atormentavam para de seguida lhe retirar toda e qualquer conotação que ainda pudesse ter com uma qualquer empresa de transportes públicos. Foi assim que, ao ser pintada totalmente de um vermelho vivo que enaltece as suas torções e a faz destacar do ambiente cinzento que a rodeava, dela nasce um apelativo rebento metálico do solo. Rapidamente foi utilizado pelo engraxador de sapatos que normalmente se encostava à parede, usando-o provavelmente tanto como necessidade de apoio como forma de chamar a atenção para o negócio, enquanto as suas formas de rebento dialogavam com a loja de sementes do canto sudoeste do Mercado do Bolhão.

No dia seguinte tinha desaparecido.